sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Enem: alunos das escolas particulares têm melhor desempenho

Mais uma vez, estudantes de escolas particulares tiveram melhor desempenho que os colegas da rede pública no Enem.
O apelido do primeiro colocado no Enem deste ano é "Gabarito". Caio Nasser Mancini, 19, mora em Vitória (ES) e diz que ganhou a alcunha porque "na maioria das vezes gabarita" (acerta todas as questões) nas provas e simulados.Caio fez o ensino fundamental numa escola privada desta cidade, o Colégio Renovação, e depois fez boa parte do ensino médio no Centro Federal de Educação Tecnológica do Espírito Santo (Cefetes), que é público. O candidato ao curso de medicina acertou todas as 63 questões objetivas e quase "gabaritou" a redação.

O pai, Nilson Mancini Júnior, é engenheiro elétrico, e a mãe, Ana Lúcia Nasser Mancini, é analista de sistemas. Ele quer ser pediatra. Os últimos meses foram só estudo. A primeira etapa no vestibular da Universidade Federal do Espírito Santo será no domingo. A estratégia de estudo incluiu horários de estudo nos fins de semana, evitar saídas com amigos, quatro horas diárias sobre livros e cuidados redobrados com redação.

Foi a redação que o barrou no ano passado em medicina nas universidades Federais do Espírito Santo (Ufes) e de Minas (UFMG). Desde então, investiu na leitura de revistas e jornais.
Este ano, mais uma vez, estudantes de escolas particulares tiveram melhor desempenho que os colegas da rede pública no Enem.Eles alcançaram nota média 56,12 no teste objetivo e 65,35 na redação, contra 37,27 e 57,26, respectivamente. Na prova objetiva, a maior distância entre rede pública e privada ocorreu na Bahia: 33,06 ante 55,34. Os resultados consideram apenas o desempenho dos concluintes do ensino médio.
No Rio, os estudantes do último ano do ensino médio de escolas públicas tiraram nota 38,96. Nas escolas particulares, a média foi de 55,50. O Enem seleciona candidatos a bolsas no programa Universidade para Todos (ProUni). Para conquistar uma vaga, é preciso atingir pelo menos 45 pontos de média, somando os resultados da prova objetiva com a redação.
Renato Lopes de Almeida, de 18 anos, segundo colocado no Enem, tira redação de letra. Ex-aluno da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar), ele confessa que tremeu ao receber a ligação do MEC, informando sua média no Enem 2008: 98,75, sendo 96,83 na objetiva e 100 na redação.
Morador de Bangu, Renato terminou o ensino médio ano passado, na Epcar. Ao longo de 2008, fez o curso Elite, em Madureira, e, além de se preparar para o vestibular, prestou concurso para técnico administrativo do BNDES. Passou na seleção e assume em janeiro. Na prova do Enem e na do banco, Renato tirou nota máxima em redação.
- Até pensei em pedir para olhar a prova. É estranho acertar tudo numa redação. Não sabia se tinha ido bem.
Segundo Renato, os anos que passou na escola da Aeronáutica foram fundamentais: - Eles visam à parte de exatas, analisamos gráficos, interpretamos textos. Desenvolvemos um raciocínio bem analítico.
Moradora de São Carlos (SP), Daniella Rantin, de 22 anos, também em segundo no Enem, empatada com Renato, garantiu uma vaga em medicina na UniRio - a universidade é uma das poucas que premiam com vagas o bom desempenho dos alunos no Enem. Formada em Ciências Biológicas pela UFSCar, Daniella voltou a fazer cursinho este ano quando se deu conta de que seu sonho era outro.
- No colegial, sempre quis fazer biologia. Na faculdade, vi que gostava era de cuidar de gente - conta Daniella, filha de psicóloga e biólogo.
Ela não compareceu ontem ao vestibular da UniRio para poder estudar para as provas da Fuvest, no fim de semana.

- Não pude viajar, mas estou com medo de não ter ficado com a vaga em medicina, apesar do segundo lugar. Isso porque a nota do Enem saiu um pouco atrasada. Não sei se eles (UniRio) vão aceitar. Espero que sim.

Em São Paulo, nenhuma universidade garante vaga com a nota do Enem - disse Daniella, que estudou sempre em escola particular e espera entrar em sua segunda universidade pública.Enquanto isto, as escolas particulares de SP tiveram a 2ª pior queda em avaliação nacional. A nota no Enem diminuiu 13,1 pontos em relação a 2007; por causa disso, Estado caiu do 1.º para 3.º lugar no País.

Foi a segunda maior queda no País, inferior apenas à das escolas privadas de Goiás. A diminuição da nota na prova objetiva, de 71,6 para 58,5, fez com que os alunos paulistas da rede particular deixassem a primeira colocação no Brasil e caíssem para a terceira.

O resultado do Enem, divulgado ontem pelo Ministério da Educação (MEC), mostram que, no geral, as notas dos alunos nas 63 questões (parte objetiva) caíram. A média do exame - realizado por 2,9 milhões de jovens no País, em agosto - foi de 41,69, ante 51,52 em 2007. Na redação, subiu de 55,99 para 59,35. A nota varia de 0 a 100. Os resultados por escola e por município serão divulgados somente no ano que vem.

Segundo o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC), Reynaldo Fernandes, o Enem tem níveis de dificuldade diferentes de um ano para outro e por isso é complicado comparar as notas. Outros exames, como a Prova Brasil, são feitos com uma calibragem para que tenham sempre o mesmo nível de dificuldade e possam, assim, avaliar o sistema como um todo.

Mesmo assim, a queda na pontuação de São Paulo foi considerada preocupante por especialistas. O Distrito Federal, hoje o primeiro colocado entre as redes privadas no Enem, caiu apenas oito pontos. A nota geral das escolas privadas do País foi 56,12. São 11,9 pontos a menos que em 2007.

"É um absurdo, é preciso analisar o que aconteceu", disse o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp), José Augusto de Mattos Lourenço. Ele foi avisado pela reportagem sobre o desempenho das escolas particulares e disse que ainda precisava receber os dados oficialmente para avaliar melhor.

"Em São Paulo temos todo tipo de aluno na rede privada, inclusive classe C. Em outros Estados, só a elite da elite estuda nessas escolas", diz o presidente do Conselho Estadual de Educação, Artur Fonseca Filho. Já Mauro Aguiar, diretor do Colégio Bandeirante, uma das escola com melhor desempenho do Estado no exame, se disse surpreendido com o resultado. "As escolas têm investido para que seus alunos se saiam bem na prova. O mercado é muito afetado pelos rankings do Enem."

O Estado de São Paulo tem a maior rede particular do Brasil. O número de alunos no ensino médio - cerca de 250 mil, segundo os dados mais recentes do MEC - representa mais de 20% de todos os estudantes desse nível educacional em escolas privadas brasileiras. Participaram da prova do Enem neste ano 59.395 alunos que estavam no último ano do ensino médio de escolas particulares de São Paulo e 225.226 de públicas.

A nota dos alunos da rede pública paulista na prova objetiva caiu menos que as das particulares: 11,95. A média deste ano foi 39,02, ou seja, menos de 50% de acerto, nível que tinha sido alcançado em 2007.

Na parte de redação - que não é feita por todos os participantes porque a nota não é considerada em vestibulares, como o da Fuvest - a média da rede particular de São Paulo aumentou de 62,09 para 64,96. Na rede pública também cresceu: passou de 55,04, em 2007, para 57,77, em 2008.
Mesmo com nota mais baixa que no ano passado (39,43 contra 49,27), SP subiu três posições na relação da escolas públicas na parte objetiva -passando de oitava para quinta. No índice geral, contando notas das duas redes, SP subiu duas posições, de oitavo para sexto.

A Secretaria da Educação, por meio de sua assessoria, comemorou o avanço e disse esperar resultados melhores com a adoção de ações para o ensino médio, como a instituição de 42 dias do ano letivo para recuperação de aprendizagem.

Os dados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) divulgados ontem, também mostram que o Rio Grande do Sul, pelo segundo ano consecutivo, tem a melhor rede pública de ensino médio do país. Ainda assim, em média, os estudantes do Estado não conseguiram acertar nem metade da prova.

Apesar do resultado, o desempenho dos estudantes da rede pública do RS caiu 23% em relação ao ano anterior. Na parte objetiva, composta por questões de múltipla escolha, os alunos do Estado acertaram 42,12 pontos (de cem), contra 54,61 pontos, no exame passado.

Na redação, entretanto, a nota subiu 3,5%, passando de 59,74 pontos para 61,84 pontos -de outros cem pontos.

Já Alagoas ficou com a pior rede pública do país. Os estudantes de AL fizeram, em média, 31,76 pontos na parte objetiva e 57,26 na redação. No ano anterior, as médias foram 42,58 e 52,06, respectivamente.

O melhor desempenho geral, considerando as notas da parte objetiva, assim como em 2007, foi o do Distrito Federal.

Houve, porém, queda nas notas de todos os Estados. A média nacional nas questões de múltipla escolha caiu 23%, de 52,47 para 40,54.

A queda geral das notas pode estar relacionada ao grau de dificuldade da prova deste ano. De acordo com professores ouvidos pela Folha no dia do exame, o Enem de 2008 foi mais trabalhoso e denso do que os dos anos anteriores.

"Havia enunciados gigantescos. Foi uma prova mais densa e cansativa", disse à época a coordenadora do Cursinho da Poli, Alessandra Venturi.

Se forem comparadas as notas dos alunos de escola pública com as de escolas particulares, nota-se um desempenho 34% inferior. A diferença foi de 18,8 pontos -37,3 contra 56,1. O hiato deste ano, porém, é inferior ao registrado no ano passado, quando 20,4 pontos separavam as duas redes de ensino.

Naquele ano, porém, a comparação foi feita entre alunos que fizeram todo o ensino médio na mesma rede de ensino. Em 2008, foi considerada a diferença só da rede pela qual o aluno concluiu o curso.

O MEC também aponta que não se pode comparar duas edições do Enem, pois o grau de dificuldade varia.

O presidente do Inep (instituto de que divulgou os dados do Enem), Reynaldo Fernandes, diz que é preciso cautela ao comparar as redes, já que alunos com melhor nível socioeconômico tendem a ter mais chance de melhores notas.

O Enem deste ano avaliou 2,9 milhões de alunos. Os resultados podem ser conferidos no site (www.inep.gov.br)

MEC liberou nesta quinta consulta ao resultado do Enem

O Ministério da Educação (MEC) está divulgando desde ontem, quinta-feira (20), os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Os estudantes que fizeram a prova poderão consultar o seu desempenho no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
O Inep, órgão responsável pela aplicação da prova, divulgou hoje os resultados nacionais e por Estado, classificados por escola pública e escola particular e por egressos e concluintes.
O exame foi aplicado no dia 31 de agosto. A prova é formada por 63 questões de múltipla escolha interdisciplinares de conhecimentos gerais (do conteúdo do ensino médio) e uma redação.

O exame não é obrigatório, mas a adesão aumentou consideravelmente nos últimos anos porque a nota é utilizada como bônus na pontuação em mais de 500 instituições de ensino superior.
Algumas utilizam apenas a nota do Enem como critério de seleção.

Ter partitipado do Enem também é requisito obrigatório para o estudante que quiser pleitear uma bolsa de estudos no Programa Universidade para Todos (ProUni).

Frente parlamentar defende piso nacional dos professores

Deputados federais e senadores pressionam os governadores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Ceará, Mato Grosso do Sul e Paraná a implementarem o piso nacional para os professores.


No período em que Estados e municípios negociam a aprovação de seus Orçamentos para 2009, deputados e senadores lançaram ontem uma frente em contraposição à Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) movida pelos cinco Estados contra a lei que criou o piso, de R$ 950, e aumentou a carga horária da educação básica.Lançaram ontem uma frente em contraposição à Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) movida pelos cinco Estados contra a lei que criou o piso, de R$ 950, e aumentou a carga horária da educação básica.

Com mais de 150 assinaturas, segundo a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA), a frente protestará nos Estados para que os governadores reformulem seus Orçamentos". A Adin é uma afronta ao Congresso, ao movimento sindical e aos professores", disse a senadora Ideli Salvatti (PT-SC).

Na ação apresentada pelos Estados contra a Lei 11.738/08, que instituiu o piso, os governadores argumentam que a medida não cabe no Orçamento. "A lei extrapola ao legislar sobre a carga horária", diz a secretária de Educação do Ceará, Maria Izolda Cela. A medida, diz, levará o governo estadual a contratar mais de 7 mil professores, o que aumentará os gastos em R$ 102 milhões. "Não consigo entender a postura do governo federal", diz.

Em nota, a Secretaria de Educação de Santa Catarina adverte para o risco de se ultrapassar os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal. A secretaria contesta a inclusão do aumento de horas-atividade e diz que terá de contratar 5,4 mil profissionais.

O cumprimento do piso será escalonado. O valor integral deve ser pago em 2010 para uma jornada de 40 horas semanais. O benefício também será destinado a aposentados e pensionistas. Além do piso, a lei, em vigor desde julho, estabelece que os professores devem reservar um terço da carga horária a funções fora da sala de aula, como planejamento das lições e correção de provas.

Os Estados e municípios que comprovarem não ter condições de pagar o reajuste terão complementação do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica. Segundo o governo federal, cerca de 40% dos professores em início de carreira recebem menos do que o piso. É a primeira categoria a ter piso salarial definido na Constituição.

Na frente, já há divergências. Segundo o deputado federal Gastão Vieira (PMDB-MA), o movimento está politizando a discussão contra os partidos dos governadores.


Fonte: Valor Econômico (20.11.2008).

Material de apoio para ensino da cultura afro-brasileira disponível gratuitamente na Internet

A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) disponibiliza gratuitamente em seu site, livros que podem contribuir na formação do professor.

Para contribuir na aplicação da Lei 10.639 que, desde 2003, estabelece a obrigatoriedade do no país do ensino da história e cultura afro-brasileiras nas escolas públicas e particulares do Ensino Fundamental e Médio, a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) disponibiliza gratuitamente em seu site, livros que podem contribuir na formação do professor.

São dez livros que podem ser acessados aqui.


Fonte: http://www.e-educador.com