terça-feira, 11 de novembro de 2008

Residência educacional poderá passar a ser exigida para a formação de professores da educação básica

Comissão de Educação, Cultura e Esporte analisa nesta terça-feira (11) projeto do senador Marco Maciel (DEM-PE) com o objetivo de criar a "residência educacional" na educação básica, tornando-a obrigatória para professores dos dois anos iniciais do ensino fundamental na rede privada e pública.

A proposta (PLS 227/07), que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB (Lei 9.394/96), foi inspirada, segundo Maciel, na residência médica. Ele avalia que essa experiência trouxe resultados muito positivos para a formação dos médicos brasileiros. Nesse sentido, seu objetivo é melhorar a formação dos professores.

Se aprovado o projeto, o art. 65 da LDB passará a ter o seguinte texto: "Aos professores habilitados para a docência na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental será oferecida a residência educacional, etapa ulterior de formação, com o mínimo de oitocentas horas iniciais de duração, e bolsa de estudo, na forma da lei".

Também será acrescido à LDB o art. 87 com o seguinte texto: "Decorridos dois anos após a vigência do parágrafo único do art. 65, torna-se obrigatório, para a atuação do professor nos dois anos iniciais do ensino fundamental, o certificado de aprovação na residência educacional".
No seu voto favorável ao projeto, o relator, senador Mão Santa (PMDB-PI), apresentou emenda propondo que a lei entre em vigor em 1º de janeiro do ano seguinte ao da aprovação. Pela proposta original, a regra entraria em vigor na data de sua publicação.

A CE também deverá analisar, dentre os outros 20 itens em pauta, projeto dos senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Marisa Serrano (PSDB-MS) e Augusto Botelho (PT-RR) com o objetivo de instituir o regime de dedicação exclusiva para os docentes da educação básica (PLS 04/08). A proposta conta com parecer favorável do relator, senador Gerson Camata (PMDB-ES).

O projeto, que também altera a LDB, propõe criar a possibilidade de professores da educação básica aderirem ao sistema de dedicação exclusiva recebendo, no mínimo, 70% do salário de professores de instituições federais de ensino superior que tenham grau de formação equivalente.

Segundo Cristovam, atualmente, quanto mais avançado é o nível em que o professor atua - básico, médio ou superior -, maior é a remuneração. "Essa lógica nos leva a indagar se ensinar crianças e adolescentes, com toda a sorte de carências, é menos meritório do que lidar com estudantes majoritariamente adultos, independentes e auto-orientados ao estudo. Seria, por acaso, mais fácil cuidar dos primeiros?", questiona o senador, na justificação do projeto.

Comissão aprova rádios comunitárias para universidades e escolas

A Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática aprovou, na quarta-feira (5), o Projeto de Lei 5172/05, que permite às instituições de ensino superior obter autorização para operar rádios comunitárias.

O referido projeto é de autoria do deputado Celso Russomanno (PP-SP). Foi aprovado o substitutivo do relator, deputado Fernando Ferro (PT-PE), que amplia o projeto, fazendo-o abranger também escolas de nível médio, instituições particulares de ensino, escolas técnicas federais e centros vocacionais tecnológicos.

Além disso, o substitutivo permite a outorga de mais de uma emissora para universidades que tenham mais de um campus; e prevê a possibilidade das universidades operarem canal próprio de televisão educativa.Importante suporte.

Relator argumenta que muitas escolas de nível médio, em especial as públicas, situam-se em regiões carentes de infra-estrutura. Para essas regiões, diz Fernando Ferro, a emissora de rádio da escola será um importante suporte para acelerar o processo de desenvolvimento sócio-econômico.

Pelo substitutivo, a entidade de ensino particular que quiser operar uma rádio comunitária deverá comprometer-se a dar preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. "Essas mudanças modernizadoras no marco legal vigente vão enriquecer a educação, a cultura e a cidadania no País", resume Fernando Ferro.Preparação acadêmica.

Segundo o autor, deputado Russomanno, o objetivo do projeto é contribuir para a preparação acadêmica e para o aperfeiçoamento profissional do estudante. A legislação vigente já autoriza as universidades a operar emissoras educativas. Mas os altos custos de uma rádio educativa, diz Russomanno, inviabilizam o seu funcionamento nas instituições de ensino públicas. A rádio comunitária, mais barata, é mais compatível com a realidade universitária, argumenta o autor do projeto.

TramitaçãoA proposta já havia sido rejeitada pela Comissão de Educação e Cultura. Agora, ela segue para o exame da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Se aprovada, vai à votação em plenário.

Os blogs crescem e há quem não goste

Em julho, o blogueiro Jason Calacanis anunciou sua aposentadoria da blogosfera.Co-fundador da rede de blogs Weblogs Inc, podia ser definido como blogueiro de sucesso.

Era respeitado e admirado na blogosfera. Por isso, a decisão de deixar a vida blogueira causou espanto. Não que tenha abandonado de vez a internet: Calacanis continua a expor suas opiniões em uma lista de e-mail – basta se inscrever na newsletter para receber as suas mensagens.

A saída da blogosfera foi definida por ele como "a decisão certa para mim e para a minha família". Mais adiante, o ex-blogueiro revelou sua frustração. "Blogar virou algo simplesmente muito grande, muito impessoal; falta a intimidade que me levou a isso", resumiu.

Calacanis cansou da pressão para se manter na lista dos principais personagens da blogosfera, e de ter que manter seu blog tão impessoal para conseguir a proeza. Há alguns anos, quando poucas pessoas blogavam, era fácil ser uma celebridade da internet; hoje, isso exige trabalho árduo. "A blogosfera está tão carregada, tão polarizada, e tão cheia de gente com ódio que simplesmente não vale mais a pena", lamenta ele.

Referência

O exemplo de Calacanis serve como atestado de óbito da blogosfera como espaço alternativo? A revista britânica Economist [6/11/08] afirma que o blog virou mainstream. Há pouco tempo, blogar significava publicar, em uma pagina de internet, textos, fotos e vídeos, principalmente sobre a vida do blogueiro, para um público formado, em grande parte, por amigos e parentes.

Hoje, sem se dar conta, muito mais gente faz isso. Internautas que criam perfis em redes sociais, como Facebook, MySpace e Orkut, acabam se tornando blogueiros. Além disso, viraram os febre serviços de microblogging, como o Twitter, que recriam o imediatismo e a sensação de intimidade dos primeiros blogs.

As mensagens do Twitter, que podem ser enviadas de telefones celulares, devem ter até 140 caracteres. Para explicar o propósito, o Twitter tem como mote a pergunta "O que você está fazendo?".

Já os blogs tradicionais, diz a Economist, tendem a virar páginas de organizações de mídia convencionais. Quase todo jornal, emissora de TV e rádio tem agora um sítio de internet e, dentro dele, vários blogs de jornalistas e colaboradores. Nas últimas eleições presidenciais americanas, blogs profissionais como o liberal HuffingtonPost (4,5 milhões de visitantes em setembro) e o conservador FreeRepublic (1 milhão de visitantes) tiveram grande destaque.

Empresas fora do setor jornalístico também passaram a ver na blogosfera uma ótima ferramenta de negócios. Companhias de todos os tipos usam essas páginas para passar ao público mensagens corporativas e para se comunicar com seus funcionários. Firmas especializadas em ferramentas para blogs vêem estas empresas como seu mercado mais promissor.

O Weblogs, de Jason Calacanis, foi vendido para o portal AOL. O Blogger, outro serviço do tipo, agora pertence ao Google. Seu fundador, Evan Williams, hoje dirige o Twitter, que define como "o futuro". E é esta magnitude que passou a incomodar alguns dos mais antigos blogueiros. Eles não podem negar, entretanto, que a blogosfera se tornou um espaço versátil e que o ato de blogar provou-se bastante útil.


Fonte: Observatório da Imprensa (11.11.2008). Leticia Nunes (edição) e Larriza Thurler