Foi anunciado como o primeiro minicomputador português. O Magalhães é originalmente o Classmate PC, produto concebido pela Intel no sector dos NetBooks, que surge em reacção ao OLPC XO-1, que foi idealizado por Nicholas Negroponte.
Será, no fundo, um computador montado em Portugal, mais propriamente pela empresa JP Sá Couto, em Matosinhos. Tirando o nome, o logótipo e a capa exterior, tudo o resto é idêntico ao produto que a Intel tem estado a vender em várias partes do mundo desde 2006. Aliás, esta é já a segunda versão do produto.
Tivemos a oportunidade de conhecer com mais detalhes a equipe do Ministério da Educação de Portugal e o novo protótipo de um laptop para a escola chamado, Magalhães. O mais interessante é que este é um desenvolvimento local, executado em conjunto entre a Intel e o governo de Portugal e é combatível com o ambiente Windows como o Linux. Nas próximas semanas o laptop vai chegar a todas as crianças no sistema de ensino público no país. Em uma reunião com professores de diferentes locais, tivemos a oportunidade de conversar em sobre os desafios que enfrentam agora, uma vez que a questão da inclusão digital já foi superado. Não tenho dúvidas que será um caso, o de Portugal. Especialmente pelo seu compromisso de incluir o "software livre" como uma alternativa importante para o apoio da educação em tecnologia. (Este é um bom exemplo de um sistema educativo no qual as autoridades evidenciam suas e-habilidades ).
Entretanto, dentro do avião e o laptop sobre a pequena mesa de 15 cm, aproveito a oportunidade de comentar e recomendar um ótimo artigo do Dr. Diaz Barriga, chamado "O foco das competências na educação. Uma alternativa ou um disfarce de mudança?" Este texto, afiado, crítica e muito cético propõe idéias para o problema da educação contemporânea.
Veja algumas delas:
Educação com amnésia: primeiro, o autor sugere que, com esta desenfreada necessidade de incorporar a inovação na sala de aula, o que temos conseguido é o de cair na adoção de modelos e na moda em uma espécie irreflexão amnésica que está levando os sistemas de ensino a sempre procurar pelas últimas novidades. Nos anos 70 falava-se do currículo modular, nos anos 90 dos computadores e, na primeira década do século XXI para competências.
A inovação aparece como um discurso para justificar uma intervenção está inovando. A inovação vem por meio de coerção na educação, já que não dá tempo para estudar cuidadosamente o resultado. Os tempos de inovação não atende as necessidades educativas, mas a dinâmica da política educacional de cada ciclo de governo, diz o autor.
Do enciclopedismo das competências: não obstante o exposto, o Dr. Diaz Barriga levanta a necessidade de abordar a idéia de uma aprendizagem baseada em resolução de problemas, ao lugar do aprender através da memória, enciclopédico. Nesta linha enfrentamos novos problemas e trabalhar colaborativamente nos ajuda a formar as competências. Estas surgem a partir da combinação de três elementos: domínio de informações específicas, desenvolvimento de habilidades e desempenho em novas situações. Embora o autor admita que não exista nenhuma abordagem teórica sólida sobre o assunto, o mesmo insiste que na vida não se utilizam as experiências de uma única disciplina, mas na integração dos conhecimentos e habilidades diversificadas.
A era da mistura: após o radicalismo universitário vem o bom senso. Após a excitação das TIC como fonte de aprendizagem, vem a sabedoria e hoje começam a multiplicar as iniciativas que promovem a aprendizagem mista. Isto é, aquela que complementa o e-learning com o face-à-face e uma reavaliação da aprendizagem contextual, que combina a formação básica com formação aplicada.
Os sinais propostos por este texto, acredito que levantam várias perguntas desconfortáveis, mas necessárias, na educação de hoje. E parece-nos que são mais que bem-vindas as iniciativas de como Portugal está a tomar medidas claras que mostram sua vontade de querer melhorar a qualidade de sua educação. Estamos confiantes, o que podem dar sinais que, muito além da "negropontismo" seus professores vão ser capazes de formar cibercompetências nas próximas gerações e converter, de uma vez por todas, as tecnologias digitais, em tecnologias invisíveis.
Fonte: e-educador, 01/10/2008