sábado, 20 de dezembro de 2008

Índice de Desenvolvimento Humano: Brasil fica em 70º


Taxa de alfabetização de adultos contribui para aumento do Índice de Desenvolvimento Humano do país mas resultado representa o mesmo do ano passado. matrícula em escola encolheufonte: Correio Braziliense, Amazônia Hoje.

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgou ontem o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que varia de 0 (baixo) a 1 (alto). A novidade foi o recálculo do Produto Interno Bruto (PIB) feito pelo Banco Mundial e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), após a revisão de preços comparativos em mais de 146 países. Até 2007, o Pnud trabalhava com um PIB estimado, via paridade de poder de compra, com preços de 1993. Agora, são considerados valores de 2005.
O Brasil permanece na 70ª posição dentro do grupo de 75 países com alto desenvolvimento humano. A informação foi divulgada ontem pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro que, em 1980, era de 0.684, aparece agora em 0.807 quanto mais próximo de 1, maior é o desenvolvimento da região analisada. As informações são da Agência Brasil.
O IDH, calculado para um total de 179 países, abrange três aspectos: a renda, tendo como indicador o Produto Interno Bruto (PIB) per capita; a longevidade, medida pela expectativa de vida; e a educação, avaliada pela taxa de alfabetismo e pela taxa de matrícula. De acordo com o Pnud, a expectativa de vida no Brasil passou de 71,7 anos em 2007 para 72 em 2008. A taxa de alfabetismo também apresentou melhora, passando de 88,6% para 89, 6% no mesmo período. Já a taxa de matrícula registrou queda de 87,5% para 87,2%.
O PIB per capita brasileiro, segundo os dados, evoluiu de R$ 8,402 para R$ 8,949. O coordenador de Desenvolvimento Humano Nacional do Pnud, Flávio Comim, destacou que uma alteração na metodologia de levantamento dos dados fez com que muitos países latino-americanos oscilassem de posição, maso Brasil se manteve no mesmo patamar.
Este ano, segundo ele, houve uma mudança na base de cálculo do PIB per capita que tem como com pilar a Paridade do Poder de Compra (PPC). Ela representa as taxas de câmbio estimadas para equalizar os poderes de compra de diferentes moedas e, até o ano passado, utilizava os preços de 1993.
"Agora, o Banco Mundial fez o recálculo utilizando preços de 2005. São considerados preços de 143 países e é ajustado o valor do dólar para comprar produtos homogêneos em cada país. Ao fazer este ajuste, verifica-se que os preços relativos mudaram. O dólar tem valor diferenciado em Londres e no México, por exemplo O Brasil se manteve de maneira consistente na posição de alto desenvolvimento humano, diferente do que aconteceu na América Latina, disse Comim.
Apesar de se manter em uma das últimas posições no grupo, o Brasil junto ao Chile foi o país que mais avançou em desenvolvimento humano no cenário latino-americano. O progresso chileno foi de 0.128 ponto nos últimos 26 anos e o brasileiro foi de 0.123, seguido pelo México (com 0.095) e pela Costa Rica (com 0.088).
Entre as menores taxas de progresso em desenvolvimento humano estão a Venezuela (com 0.064) e a Argentina (com 0.070). Ainda assim, vizinhos como Chile, Argentina e Uruguai, além de Cuba, Bahamas, Costa Rica e México, permanecem frente do Brasil no ranking de países com alto desenvolvimento humano.
Ministro da educação mantém otimismoO governo brasileiro recebeu com discrição os resultados do Pnud e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preferiu não comentá-los. O ministro da Educação, Fernando Haddad, foi o único entusiasmado. Alguns opositores elogiaram a política social do Planalto. "Temos de reconhecer que a área social do governo tem conseguido alguns avanços", declarou o senador pernambucano Sérgio Guerra, presidente do PSDB.
"O IDH do Brasil poderia ser muito melhor, se não fossem as duas décadas de crescimento econômico baixo entre 1981 e 2003. Como a renda tem peso alto no índice, isso claramente impactou o ritmo melhoria. O impacto da expansão de 2004 a 2008 não foi capturado pelo IDH, mas vai aparecer", afirmou Haddad aos jornalistas.
Ele ressaltou a participação dos ganhos da educação na caminhada do Brasil na redução das desigualdades e da melhoria das condições sociais. "Temos muito a fazer na educação brasileira, mas é inegável que tem havido uma melhora significativa desde a Constituição de 1988. O caminho ainda é muito longo. A tendência é melhorar", disse otimista o ministro.
Para o futuro líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), o resultado confirma a melhora do bem estar a partir de políticas implementadas pelo governo. Ele concorda com Haddad sobre os degraus galgados e reforça que existe uma tendência, a se repetir quando forem fechados os dados de 2007 e 2008. "Vamos reverter a crise econômica para avançar no social", disse.
Pesquisa do Ibge revela que maioria de pobres está no Nordeste
Pesquisa divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aponta que, proporcionalmente, o Nordeste tem mais que o dobro de municípios com pessoas abaixo da linha da pobreza em todo o Brasil. Na região, 77% dos municípios estão nesta condição, enquanto que a média do Brasil é de 32,6%, de acordo com o Mapa da Pobreza e Desigualdade 2003.
A pesquisa, feita em parceria com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), traça, pela primeira vez, indicadores como a incidência de pobreza e a desigualdade entre os pobres no Brasil. Os dados são referentes a 2003.
O mapa revela que, no Brasil, 1.793 municípios tinham populações vivendo abaixo da linha da pobreza naquele ano. Destes, apenas 416 deles não estão no Nordeste. Naquela região e no Centro-Oeste, o índice foi mais que o dobro do Brasil: 77,1% e 73,5% do total de municípios de cada um, respectivamente.
Já em uma outra ponta, o Sul teve apenas 0,9% de seus municípios, apenas 11 deles, identificados nessa condição. No Sudeste, o índice também foi baixo: 13,3% do total de municípios na região.
Com base em dados das Pesquisas de Orçamentos Familiares 2002/2003 e no Censo 2000, o Mapa da Pobreza calculou também a distância média dos pobres em relação à linha da pobreza do Brasil. Ou seja: o quão distante está uma região de ultrapassar a linha da pobreza.
Mais uma vez, o Nordeste concentrou uma média de pobres com a maior distância da linha da pobreza: 28,6%, contra 13,1% no Norte. Por isso, conclui o IBGE, o Nordeste é a região que precisa de mais recursos do governo federal para ajudar a população a atravessar a faixa da pobreza.
Já o Centro-Oeste está mais próximo desta linha que o Sudeste. Apenas 3,6% dos municípios daquela região tinham uma distância da linha da pobreza maior que 25%, contra 6,8% no Sudeste.
Lançado apenas em DVD, o Mapa da Pobreza do IBGE tem como intuito disponibilizar uma base de dados para se traçar informações variadas sobre a pobreza no Brasil. O DVD traz mapas e números geográficos do Brasil.