Fonte: O Globo / Opinião (12.09.2008)]
Antoninho Marmo Trevisan (*)
É o que revela o primeiro "Mapa de Estudos Superiores na América Latina e no Caribe", elaborado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
O índice é preocupante para as nações do continente, considerando que a formação acadêmica constitui-se em requisito fundamental à conquista do desenvolvimento.
Sob o ponto de vista das carreiras profissionais, o estudo também significa importante alerta: é essencial buscar escolas gabaritadas, pois diplomas e títulos universitários são diferenciais efetivos na luta pelo sucesso somente se forem a garantia e o "selo" de um ensino de excelência.
A seriedade, a credibilidade e a competência da Unesco sugerem ser prudente considerar o conteúdo desse inédito relatório, produzido sobre substantiva base de dados e estatísticas de 28 dos 33 países membros da organização na América Latina e no Caribe.
O trabalho evidencia a necessidade de ampliar não só o acesso, mas também a qualidade da educação superior.
Cruzando suas conclusões com outros estudos e processos de avaliação realizados no Brasil, como o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), percebese que, em nosso país, o principal problema reside na questão da excelência, levando-se em conta a grande expansão do número de faculdades nos últimos anos.
O Brasil tem excelentes instituições de ensino superior, mas em quantidade insuficiente para atender à demanda do mercado por profissionais altamente qualificados. Assim, é importante a ampliação do número de boas escolas, em nível de graduação, pós-graduação e cursos de MBA.
Trata-se de algo importante para o país, o universo corporativo e os profissionais. Sob o ponto de vista do mercado, empresas inteligentes são as que recrutam colaboradores devidamente preparados. Afinal, contar com um quadro de profissionais competentes é imperioso; é o requisito que mais valor agrega às empresas, considerando que o talento humano é o fator exponencial de desequilíbrio num cenário em que todos têm acesso a tecnologias semelhantes.
No início do século XX, o genial norteamericano Henry Ford, grande propulsor da indústria moderna, cunhou frase antológica sobre o significado da boa formação: "Se o dinheiro é a sua esperança para independência, você nunca a terá; a única segurança real que um homem pode ter neste mundo é uma reserva de conhecimento." Se tal exigência já era decisiva num mundo que ainda procurava soluções para a simples produção em série de automóveis e outros bens industriais, o que dizer do presente, quando as tecnologias tornam informação, cultura e saber os mais importantes valores de qualquer organização? A resposta a esse desafio contemporâneo pode ser encontrada numa velha aliada dos indivíduos e povos vencedores: a sala de aula! É aí que experiência, conhecimento do mercado, conteúdo adequado e bons professores mudam o destino de pessoas, empresas e países.
(*) Antoninho Marmo Trevisan é empresário e integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).